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quinta-feira, 16 de junho de 2016

Aikido dentro de uma forma objetiva de aprendizagem!

A construção de uma técnica eficiente não nos garante a construção de uma didática eficiente. Saber realizar o Aikido com todos os seus detalhes e com grande habilidade física não nos garante a capacidade de transmissão dos nossos próprios conhecimentos. O resumo é que: “Ser um bom Aikidoka não lhe garante ser um bom professor de Aikido”. Para ensinar não é exigida apenas a capacidade técnica para executar, é exigida também a capacidade técnica para transmitir.
 No Aikido é muito comum no processo de aprendizagem a comunicação não verbal, priorizando a visão como o sentido responsável de captar a informação. Porém em uma abordagem didática, ao limitar a aprendizagem em apenas um único sentido, estamos de certa forma limitando as possibilidades do processo de ensino, ou seja, quanto mais completo o processo de aprendizado mais consistente será o resultado.
Como professores de Aikido, responsáveis pela transmissão destes conhecimentos específicos, devemos ser capazes de explicar e desmontar a informação que esta contida na técnica e tornar acessível ao aluno àquilo que até então parecia tão fechado e de difícil compreensão.
Com base nos meus treinos com professores como Christian Tissier e Michel Erb, e com influencia no Livro "Aikido Basics" de Bodo Rodel, fiz um pequeno resumo da abordagem didática que estamos aplicando no nosso Dojo e que vem apresentando resultados incríveis, tanto na performance dos graduados como também no rápido desenvolvimento dos alunos iniciantes , que percebem de forma mais clara o sistema mecânico da técnica e desenvolvem simultaneamente habilidades marciais importantes como coordenação motora e gerenciamento de distancia.
Bons treinos!!



“A excelência na transmissão do Aikido esta no equilíbrio entre sua capacidade marcial e sua expressão artística, entre sua eficiência e sua beleza, mas principalmente na relação entre professor e aluno, onde a segurança e o progresso se tornam inseparáveis.”

DIDÁTICA – A técnica de ensinar, de transmitir a informação. A relação do aluno com o conteúdo. A exposição dos fundamentos e a expressão da identidade do professor, da escola ou do estilo através de um determinado conjunto de técnicas e métodos, que possibilitam de forma objetiva a aprendizagem do aluno.

FORMAS PARA DIRIGIR O ENSINO DO AIKIDO
1) Estudo estático:
2) Estudo dinâmico: Kihon
3) Aplicação:
4) Exercícios:

1) Estudo estático: Busca organizar o treino em dupla (uke + nage) de forma estática, onde o professor determina uma ação para Nage. Pode ser o simples exercício de tenkan sobre o katatedori ou uma forma mais sofisticada do uso dos pés ou das mãos, para o desenvolvimento de uma coordenação motora especifica. No formato estático o Uke apenas marca posições, repetindo um ataque simplificado ou deixando que Nage faça as repetições sem sofrer interferências, buscando desenvolver a memória corporal e habilidades básicas de coordenação motora e a noção espacial. O Estudo estático pode oferecer diversos níveis de dificuldade, onde além da sua posição inicial, o Uke poderá se reposicionar para continuar atuando como um ponto de referencia para Nage, que através das várias marcações poderá continuar verificando a qualidade da sua distancia, estabelecendo uma sequencia de objetivos durante o estudo. Não existe um ataque real, apenas um ataque simplificado como ponto de partida para o Estudo. Nage executa 100% da técnica.

2) Estudo dinâmico: Nesta etapa os movimentos são realizados de forma mais dinâmica. Uke e Nage se movimentam juntos, Cada um é responsável por 50% da ação. Normalmente nos estudos dinâmicos executamos os movimentos de base, utilizados para exames de graduação ou movimentos clássicos do Aikido. Uke e Nage aprendem em um processo construtivo, muito semelhante a um “Kata”, onde através da repetição, os praticantes aprendem a finalidade de cada técnica e como fazer o uso correto das mãos e dos pés. Porém, diferente do Estático, o Estudo Dinâmico evita pausas durante a execução, buscando desenvolver um movimento continuo, fluido e harmônico. Junto com a busca do domínio da estrutura de cada movimento Uke e Nage devem perceber as variações que cada parceiro proporciona e adaptar o posicionamento para prosseguir com uma boa distância. Lembre-se que nesta etapa a responsabilidade de conhecer os detalhes do movimento não é apenas de Nage, que aplica a defesa. O Uke da mesma forma deve memorizar a sequencia da técnica, deve saber o ataque correto para cada variação e ter consciência dos resultados de cada ação, sabendo colocar o seu corpo de forma segura e que ainda possa oferecer uma comunicação marcial com Nage.
O estudo dinâmico é naturalmente melhor executado quando ambos praticantes possuem os detalhes técnicos, sendo assim possível uma execução dinâmica com cada vez mais credibilidade. Vale lembrar que ainda estamos em um processo de aprendizado e cooperação com o nosso parceiro de treino.

3) Aplicação: A execução técnica próxima da realidade. O Estudo de um repertório com ênfase na defesa pessoal. Normalmente os movimentos de Aplicação são curtos e objetivos. Algo como uma síntese das capacidades adquiridas, presentes em uma execução efetiva do repertório dinâmico. A Aplicação é uma forma de estudo onde Nage aplica as técnicas sem depender da cooperação do Uke, colocando em prática a suas habilidades marciais e seus reflexos para projetar, controlar ou imobilizar seu Uke. Lembre-se que dentro do estudo da Aplicação a responsabilidade pela integridade física do Uke deve continuar a ser respeitada e Tori deve ser capaz de executar a técnica de acordo com a capacidade de cada parceiro. O estudo da Aplicação requer uma disposição física e uma atitude mental compatível a um combate, porém pode ser praticado entre iniciantes e graduados, desde que sejam respeitados os códigos e as orientações do professor.

4) Exercícios: A relação entre as formas de estudo buscando objetivos específicos. Os Exercícios podem ser apresentados no Estudo Estático, Dinâmico ou nas Aplicações. Normalmente os Exercícios buscam aprimorar noções de contato e a expressão mecânica do movimento, aprimorando a coordenação motora, o ritmo e capacidade geral do praticante. O Exercício pode ser atribuído ao desenvolvimento das ações do Uke ou do Nage, ou mesmo uma combinação entre os dois, buscando concretizar um resultado durante a execução. O Exercício simula sensações da técnica, colocando o praticante em condições de repetir determinados movimentos e ao mesmo tempo trazendo a consciência corporal necessária para a execução natural do Aikido.

Por Mário Tetto

5 comentários:

  1. Muito bom e verdadeiro. Tenho usado a um tempo as duas primeiras formas para graduados e iniciantes. E com isso percebi que o 3° estágio tem cada vez mais saído naturalmente. Muito obrigado Sensei Mario

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    1. Eu que agradeço o apoio! Sucesso nos treinos por ai! Abração

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  3. Muito bom o post. No Dojo Shobu Aiki temos buscado algo parecido também, porém mais focado na construção dos Treinos. Vou compartilhar o link: http://shobuaiki.com.br/wp-content/uploads/2016/06/Modular.jpg

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    1. Excelente material! Parabéns pela iniciativa. Gostei do Randori com regras e controle. Obrigado!

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